terça-feira, 28 de julho de 2009

NUMA TARDE DE JULHO...

Pensamento sem ação arruína a alma, sim senhor. Abençoado seja quem vê novela daS 8, ainda que passe às 9. BBB. Todos. Só isso e pensa nisso. Dor d'alma? Argh. Uma água de marca. Intestino-relógio. Tranca. Trava. Tramela. Insulfilma. Auto-segurança-se. Se média é a classe, vai de carro. Tem o que falar. Amigos para almoçar. Falar e almoçar a vida dos bonitões da televisão. Todos agora repetem um dizer hindú...E se, acaso, a TV sai do ar...oco-me. Dor, ruína?... Qual é! Net coNET recoNET. Permanece. Mulambos choramingam na calçada. Mãos estendidas nos alcançam. Passantes sujos tocam o ombro para oferecer HallMentholiptus a R$0,50. Touch pas.Não nos toquem imundos muitos. Crianças assaltam e entregam o celular aos PM na guarita do Largo. Tropeço em sujeira na rua do centro e de fora do centro. Buracos na calçada tem o formato de Minas. Ou Bahia e Pará. Um camelô foge do rapa e atropela com a carroça de churros a senhora na Av. Rio Branco. Guarda municipal barrigudo impõe-se sobre os irmãos subgentes. Lumpem distribuem papéizinhos e se distribuem simetricamente a cada 2 metros. Apanho tudo, para que seu trabalho de hoje termine mais cedo. Burguesa-ecológica, jogo tudo na lixeira de reciclagem do trabalho. Para onde vai ? Para onde vamos? Escolas, hospitais e transporte públicos para subgentes, brasileiros. Why not? Tudo de todos, no Brasil, é ruim. É cláusula pétrea. So? Visa Amex e Master. Smiles. Twitter. Facebook. Blog. Tarifas da Golden sobem

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Baias in-humanas

Trabalho num local com baias. Baias para humanos. Todos podem ver o topo das cabeças do vizinhos. Poder-se-ía imaginar que num lugar assim, onde cada um trabalha em sua baia, com seu computador individual, todos falar-se-íam e trocariam. Mas, estranha é a psicologia humana. Os anos se passam , e cada vez ficamos mais estranhos uns com os outros. Cada vez é menor o número de pessoas com quem falamos. O todo, a intercomunicação espacial não propicia uma boa comunicação geral. Relacionamo-nos com vizinhos próximos, e comedidamente. Grande é o constrangimento de adentrar-se uma baia totalmente estranha. Uma sensação de penetrar território inimigo. E fica-se, cada um no seu canto, solitários e grupilhos. Sem querer querendo, é uma boa maneira de administrar esta gente, tão desagregada.

Dizem que o criador dos espaços com baias, na década de 50, arrependeu-se de sua criação. Mas ela ganhou pernas próprias. Com esta semi-divisão espacial, aproveita-se melhor um espaço exíguo. Ele é dividido. É a privacidade sem privacidade, o comum individual. Ouve-se muito. Pouco comenta-se. Pensa-se demais.

Estranho o humano ser.

quarta-feira, 15 de julho de 2009


Sossega, coração! Não desesperes!

Talvez um dia, para além dos dias,

Encontres o que queres porque o queres;

Então, livre de falsas nostalgias,

Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!

Pobre esperença a de existir somente!

Como quem passa a mão pelo cabelo

E em si mesmo se sente diferente,


Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!

O sossego não quer razão nem causa.

Quer só a noite plácida e enorme,

A grande, universal, solente pausa

Antes que tudo em tudo se transforme.


Fernando Pessoa, 1933










Fernando Pessoa, 2-8-1933.

Filhos...