domingo, 7 de março de 2010

Uma salada bem orgânica!


Que tal se sua próxima salada for feita com produtos orgânicos? Será uma sábia escolha!

Alimentos orgânicos são os que, em seu cultivo, dispensam herbicidas e pesticidas sintéticos. São manejados por técnicas agroecológicas que não os contaminam e não agridem o trabalhador, animais, matas, solo, água e ar.

Ao consumir orgânicos, você recebe somente os benefícios do alimento. Seu sabor é também nitidamente melhor. Alimentando-se deles, não se ingere a química indesejável dos agrotóxicos, que se acumula no organismo, e é responsável por distúrbios neurológicos, hormonais e câncer. Ademais, e é bom saber, a agricultura orgânica caminha de mãos dadas com as boas e justas relações sociais e culturais. Tudo de bom!

Mas, estes alimentos são mais caros que os convencionais. Para muitos a conversa parará aí. Se você for uma destas pessoas, não pare! Prossiga na leitura e saiba por que os orgânicos são mais caros e, depois, saiba o que podemos fazer a respeito.

Por que os orgânicos são mais caros

Dois fatores explicam a diferença de preços com os produtos convencionais: a pequena produção dos orgânicos e o custo ambiental não computado nos alimentos convencionais. Demonstro:

1) Primeiro, surge a clássica equação “maior o preço, menor o consumo”. Menor consumo, menor produção e preços mais altos. E o círculo vicioso faz sua volta.

Os produtos convencionais, por sua vez, tem grande produção e concorrência, pois são eles que o consumidor que só vê preço leva, e isto faz com que seu custo diminua.

2) A segunda questão é a do ‘custo ambiental’. O preço dos hortifrutigranjeiros convencionais não inclui a remediação dos danos ambiente e à saúde provocados por técnicas agropastoris agressivas. A quem são repassados os custos de recuperar solos e água contaminados? O custo do desmatamento irresponsável? Quem paga a cura do trabalhador contaminado?

Contrariamente, os produtores de orgânicos, com seus cuidados com o ambiente e a saúde, reduzem estes custos quase a zero. “Não privatizam ganhos e socializam prejuízos”.

A lei ambiental expressa no Art. 225 da Constituição Federal estabelece o princípio do “poluidor-pagador” (no site Jus Navigandi, pode-se aprender mais sobre o assunto http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1694). A sociedade ainda esboça sua aplicação. Quando este princípio valer, os preços dos alimentos convencionais subirão muito. Por hora, porém, o descaso com o ambiente e com as pessoas não pesa no bolso do produtor. Quem paga a conta somos nós, com a nossa saúde, e a sociedade, com as consequências ambientais dos maus procedimentos agrícolas. Você se importa com isto?

O que podemos fazer para baratear os alimentos orgânicos?

Como consumidores, temos o grande poder de consumir ou o de deixar de consumir, ambos com consciência. E este poder não é pouco!

Como não há dúvidas quanto à qualidade muitíssimo superior dos orgânicos, resta que façamos nossa parte para barateá-los e para generalizar seu consumo, estendendo-o à população geral. Mas como? Pagando mais?

Pensemos juntos: se, ao fazermos compras no mercado ou na feira, levarmos um ou dois produtos orgânicos, e se muitos de nós fizermos isto (espalhe a idéia!), ajudaremos a romper o círculo vicioso do preço alto/ baixo consumo. Consumindo mais produtos orgânicos, a produção aumentará. Novos produtores surgirão, provocando maior concorrência. Isto forçará os preços para baixo. Então, porque não comprá-los?

Onde comprar e como saber se produtos são realmente orgânicos?

Nos grandes supermercados, eles vem em embalagens que os isolam (o que os identifica, com a desvantagem de gerar muito lixo em forma de bandejas de isopor, filme plástico e outros materiais não recicláveis) e apresentam rotulagem específica - selos de certificação. No Brasil, os certificadores de orgânicos credenciados pelo Ministério da Agricultura são, entre outros, Abio, IBD, ECOCERT, ACS Amazônia (ver http://www.planetaorganico.com.br/qcertif.htm).

Além disso, no site http://www.prefiraorganicos.com.br/oquesao.aspx , do Ministério da Agricultura, você se informa sobre onde comprar orgânicos fora dos supermercados. Em feirinhas, espalhadas pelo Brasil, que acontecem em certos dias. Veja no site. São produtos não rotulados, mas atestados pelo Ministério. Se você for, por exemplo, à feira de orgânicos da Glória, aos sábados de manhã, comprará produtos livres de sacos plásticos (ufa!) - mas leve sacola.

No caso do Rio, por exemplo, o http://www.prefiraorganicos.com.br/ indica: Feira Orgânica da Glória (Praça do Russel, sábado das 7 às 13), Feirinha da PUC (quintas de manhã), Feira da Barra da Tijuca (Sinagoga Newton Bonder, terças pela manhã), Feira Org. de Campo Grande (Rua Marechal Dantas 95, sábados das 7 às 13), Feira de Nova Iguaçu (Praça Rui Barbosa, quartas 8 às 18), Feira do Campo de São Bento – Icaraí (Quintas 7 às 13), Feira do Horto – Fonseca (Al. S. Boaventura 770, terças 7 às 13), etc. No site, há mais informações.


Para saber mais sobre as técnicas de produção e sobre a certificação dos produtos orgânicos, leia a excelente cartilha do Ministério da Agricultura, ilustrada por Ziraldo, no site. http://www.escoladegoverno.org.br/images/docs/cartilha_produtos_organicos.pdf . (Circulou, recentemente, na Internet, a informação de que a “transgênica” Monsanto havia acionado o Ministério e impedido a distribuição da cartilha, por que consta lá “que alimentos transgênicos não são orgânicos”. A informação da cartilha é correta. Internautas revoltados com o suposto veto à publicação, promoveram sua ampla, geral e irrestrita distribuição virtual. Consumidores conscientes... uní-vos!).

E agora, mãos à obra! Compre um lindo pé de alface orgânico, tomates, e um montão de outros vegetais para sua próxima salada. Ela ficará colorida, deliciosa e incomparavelmente saudável. Convide amigos, namorada/o, marido, mãe e filhos. Você é quem sabe quem merece ser tratado com tanto amor! Um pão integral, ou italiano... queijos, suco de uva orgânica... ou vinho (ninguém é de ferro e há vinhos orgânicos) e voilá... bon apetit! Depois nos conte... e convide!