quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O Mal Ronda a Terra

Acabei de ler "O Mal Ronda a Terra", de Tony Judt. É a melhor reflexão política, social e ideológica sobre como chegamos até aqui e que caminhos podemos seguir. Fecho triste o livro. Judt morreu logo após seu final, em 2010. Abaixo, o último parágrafo do livro: "Ao escrever este livro tentei oferecer alguma orientação aos que - especialmente jovens - buscam articular suas objeções a nosso modo de vida. Contudo, isso não é o bastante. Como cidadãos de uma sociedade livre, temos o dever de analisar criticamente nosso mundo. Mas, se acreditamos saber o que está errado, devemos agir a partir desse conhecimento. Os filósofos, como notoriamente já observamos, até agora apenas interpretaram o mundo de várias maneiras; a questão é mudá-lo."

Medo de livro





Que medo!! Estou começando a ler "O Mundo Segundo a Monsanto". Embora eu saiba muito sobre a empresa e a combata arduamente e, ainda, lute ferrenhamente pela divulgação dos orgânicos - uma luta de formiguinhas contra o gigante... cada linha me faz passar mal. Ler é diferente de assistir um filme - e este está no You Tube. Na leitura, você caminha na sua própria velocidade. E, neste caso, a cada três linhas, paro para respirar fundo por que fico indignada e profundamente desesperançosa pela vida de nossos filhos. Dá muito medo, a cada nova página com que me defronto...

Eu me pergunto: porque um mundo que luta e se opõe, tantas vezes, a governos injustos, mentirosos e cruéis...porque, neste mundo, não há mecanismos para deter corporações como a Monsanto, que detém um poder maior que centenas de países e que, todos sabemos, mente e é profundamente cruel.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

http://g1.globo.com/videos/globo-news/cidades-e-solucoes/v/brasil-e-o-pais-que-mais-usa-agrotoxicos-no-mundo/1585888/#/programas/page/1

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Reuniões dos Amigos do Cosme Velho

É exemplar, altruísta e político reunirmo-nos para discutir nosso entorno. E, na medida em que o fazemos, damos exemplo para os bairros que nos cercam, de mobilização e liderança na manifestação de descontentamento e desejo de mudança.

Tenho, porém, algumas considerações a fazer

99% das falas do grupo redundam, direta ou indiretamente, na questão carros, ônibus, vans, taxis e motos. "os ônibus param na minha rua e ninguém passa..."; as vans bloqueiam a saída de carros da minha casa...", "o trânsito atrapalha a passagem de carros na rua..." etc.

Todos querem ter a liberdade de usar seu carro e se locomover. Até o Padre, diretor do São Vicente, quer ter a liberdade de usar seus ônibus altos e grandes (para não usar mais que um, menores), e para isto sugere até que árvores sejam podadas.

Poucos lembramos da coletividade. Esquecemos de que podemos abrir mão de algumas prerrogativas para que todos possam usufruir de um direito igualitário. E somos mais que os moradores de classe média das reuniões. Somos mais que um bairro isolado na cidade.

E enquanto o mundo discute a importância do transporte coletivo, de qualidade, não gerador de CO2 e Efeito Estufa, insistimos no individual e na velocidade. Enquanto, despoluiu-se o Tâmisa, temos pudores em despoluir a baia da Guanabara, fazendo a parte que nos cabe.

Quando em Portugal, optou-se por Veículos Leves sobre Trilhos, para Lisboa, o raciocínio foi, não de carros particulares competirem por espaço com o VLT. Mas, de carros serem deixados em casa, e das pessoas optarem por este transporte coletivo. Assim também em outros países europeus. Esta é uma das sugestões que não vejo respaldada nas reuniões em que a exponho, e que não está listada no resumo do GT.

Secundariamente, a sugestão de uma ciclofaixa, cobrada de mim (pois a omiti) por várias pessoas na minha última fala também não recebe apoio verbal no coletivo nem menção no resumo (embora, enquanto falo, vários apoiam com um 'sim' de cabeça).

E por fim, uma novidade, para confirmar minha postura de 'esquisita': saibam que existem inúmeras estações minúsculas (duas caixas d'água) de tratamento de esgoto para prédios e hotéis. Umas tratam esgoto de 50 a 70 famílias. Estão todas na Internet. Muitos prédios tem espaço para elas. Se for uma medida da prefeitura, todos estes prédios, que despejam seu esgoto, primitivamente, no Rio Carioca, poderão despoluir o esgoto in loco e devolver ao rio água limpa.

Todos quando viajamos para o exterior, para a Europa, especialmente, podemos apreciar as soluções urbanas de qualidade, democráticas e simples que vemos. Porque insistirmos neste modelo que privilegia uns poucos e nos faz trombar, a todos, nas ruas lotadas de carros fazendo o que lhes é individualmente melhor...? Como bairro, podemos "detonar" uma mudança. Será uma semente muito boa, gerada a partir deste esforço grupal. Nada mais político, engajado e moderno.

...e imaginem, se depois de tudo isso, pudermos usar a praia do Flamengo e Botafogo para banho e lazer, e para comemorar...como se fazia no tempo de Machado de Assis?

Bjs

Recebi este comentário de "al mare LOVER":

Maysa,
excelente artigo
se cada um colaborar temos a força da coletividade, dois pontos:
1 - EXISTEM SOLUÇÕES de esgoto biologico (green machine veja na internet) que associados ao sistema de coleta e separação de resíduos diminuem muito a pegada ambiental dos predios e condominios
2- a solução de transporte coletivo integrado ao METRO diminuiria em muito os problemas do cosme velho
meus dois centavos

17 de agosto de 2011 06:47

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Depilação e consciência ambiental...uma lenda pessoal!

Nunca depilei minhas pernas. Enquanto minhas amigas, na adolescência, exploravam os segredos da depilação, eu, diante da pressão "normalizadora", recuei. É que me habitava uma crença de foro íntimo: estava seguríssma que, num futuro não distante dali, passaria a viver, sem retorno, numa imensa e cerrada floresta tropical, a Amazônia...e lá, não haveria Gillettes ou Phillishaves...

Numa arqueologia de mim, pergunto porque esta lenda pessoal, gerada na infância, persistiu dentro de mim quando eu já assistia a complexos filmes de arte no Cine Bijoux? Memórias revelam hoje que sempre observei a cidade em meu redor. E São Paulo, por onde eu caminhava naqueles anos, enfeiava-se mais e mais, sem fim. Não era possível que ninguém visse e sentisse o mesmo! O ar era irrespirável. As ruas, tornaram-se , em poucos anos, lotadas de carros que soltavam fumaça em tons de negro. O trânsito, naquela década em tudo cinzenta, a década de 70, já era infernal. Plantas mirradas brotavam das rachaduras do asfalto fechado que pavimentava o caminho para a escola. Mendigos estiravam-se por ruas garbosas dos "jardins", cheios de filhas e filhos. Não havia mais quase verde. Todos os dias, árvores eram cortadas - imensas sibipirunas. Umas outras soltavam tristes uma tinta vermelha. As casas no caminho da minha infância, com jardins, e florzinhas lilás, foram sendo soterradas por prédios escuros ou chiques, envidraçados com modernos vidros "fumê".

Passamos vários dilúvios. E nada melhorou. Ruas são mais do que infernais. Milhares de filhas e filhos vivem nelas. Prédios, ainda mais horrendos, soterram e condenam, sombreando-as, as casas que resistem. O pequeno comércio de rua, pobre, remediado ou rico, sucumbe aos conglomerados - mercados gigantes e shopings alucinados. Árvores, finalmente lembradas, são agora plantadas em meio a tráfico intensíssimo, na margem artificial da marginal de um rio morto qualquer.Carros tem filtros, mas o seu número, milhares de vezes maior, 'compensa' em muito a redução de emissões individuais.

Minha lenda pessoal habita agora um deserto. Convenci-me de que não morarei, nem morrerei, na floresta selvagem, lá onde estou certa que se vive com pouco, onde se come do que o ambiente oferece, sem venenos, onde se bebe água dos rios, onde se vive em tribo e não se destrói a mata. Sei de meu destino urbano. E das notícias que vem da Amazônia, as coisas estão ainda muito mais decepcionantes. Tudo indica que há muita luta dura a ser lutada, com peixes muito grandes.

Enquanto luto virtualmente com toda as minhas forças do meu ser, contra todas as forças do dinheiro que destroem a floresta das nossas vidas... por precaução, ainda não me depilei. Sabe lá as voltas que a vida pode ainda dar...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Agronegócio é tóxico!

A monocultura convencional conhece de há muito o problema da uniformidade genética das culturas, que predispõe toda a plantação a pragas inesperadas. Com os transgênicos ocorre o mesmo. A seleção genética exógena, inserida nas sementes, que visa a dar resistência a determinados herbicidas (caso das sementes de soja modificadas pela Monsanto e sua resitência ao Roundup - Glifosato - que mata TODO o resto) ou outras condições, mostra-se, a curto-prazo, ineficaz diante da natureza... que muta e muda... e produz superorganismos... resistentes ao escudo genético que os Novos Deuses da Vida criam em seus laboratórios.

A produtividade de sementes transgênicas é alta a princípio, mas não se mantém. Como a própria agricultura convencional, do agro-negócio, a agricultura com transgênicos também tem que - de quando em quando - buscar novas variedades na natureza.

Mas se ambas as culturas, convencional e transgênica, não preservam o meio ambiente, matas com alta diversidade biológica (solos e água), onde, no final das contas, buscarão novos genes que possam alimentar as bocas do mundo...e os bolsos do agrobussiness?

Numa palestra, num congresso da ASIPI, havia um representante da Monsanto que me disse, quando questionado por mim do porquê não investir em uma agricultura ecológica mais produtiva, que "não gosta de comer cocô". Surpreendi-me com tal resposta, mas, pouco depois, numa busca pela Internet, descobri que os funcionários da Monsanto estão instruídos a dar esta resposta quando o assunto é alimento orgânico. Sua intenção, de psicologia primária, é desqualificar o alimento orgânico associando-o, mentirosamente à "sujeira".

Por que as empresas de sementes temem uma agricultura que respeita a natureza? A procura por alimentos orgânicos é grande na Europa e tende a crescer. Parte do que o Brasil produz destes alimentos, por exemplo, é exportada para lá. Isto, por si só já seria inquietante para quem quer ter o controle global da produção de alimentos.

Mas há mais. O alimento cultivado com princípios ecológicos não permite o controle monopolizante de sementes, como fazem empresas como a Monsanto. Parte dos princípios do plantio natural é a seleção, por parte do agricultor, das melhores plantas para replantio de suas sementes. É algo que se faz há milhares de anos.

Além disso, se provarmos que a produção de alimentos orgânicos em grande escala é viável, o agrobusiness, ainda que tarde, enfrentará problemas. A demanda por alimentos saudáveis está crescendo. Só tende a aumentar.

BUSQUE ALIMENTOS ORGÂNICOS.

Como consumidores, temos um grande poder em nossa mãos: o de comprar ou deixar de. Consumidores informados escolhem melhor. E o fazendo, pressionam as redes de distribuição de produtos. No caso dos orgânicos, considerados caros, o consumo consciente deve torná-los mais baratos e disponíveis a um maior número de consumidores. ISTO É O QUE DESEJAMOS TODOS.

Assista o filme "O Veneno está na Mesa", de Sílvio Tendler, lançado em 25/07/2011. Ele está disponível na Internet NOS LINKS:

(ajudem a divulgar!)

Parte - 1 http://www.youtube.com/watch?v=WYUn7Q5cpJ8&NR=1
Parte - 2 http://www.youtube.com/watch?v=NdBmSkVHu2s&feature=related
Parte - 3 http://www.youtube.com/watch?v=5EBJKZfZSlc&feature=related
Parte - 4 http://www.youtube.com/watch?v=AdD3VPCXWJA&feature=related

Prefeito de Vilna: na guerra pelo respeito à bicicleta

O prefeito de Vilna, capital da Lituânia, um entusiasta do uso da bicicleta, passou com um tanque de guerra sobre um carro estacionado à la carioca sobre a ciclovia. Um factóide super classudo. No final, o bonitão ainda varre os cacos de vidro.


http://www.youtube.com/watch?v=IvGaSct3cJk