segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dia mundial sem carros




Potentes e glamorosos... ah, os automóveis! Desde que o Modelo T da Ford saiu da pioneira linha de produção, já se vão cem anos. Convertemo-nos, desde então, em authomens e automulheres, vivendo a vida em autometrópolis. O carro veste o homem, empresta-lhe cara nova. É símbolo de status, objeto de culto e cenário de fantasias. Atire a primeira pedra o leitor que não sonhou estar ao volante com uma bela mulher ao lado. Ou a leitora que não vacilou diante do Redford que lhe segurou a porta do carro.

O automóvel surge e vai produzir incisivas mutações em corações e mentes. Vai definir um novo conceito de tempo. Vai rasgar cidades, campos e florestas. Vai sujar o ar e atazanar nosso sono com seu ronco. Vai espremer calçadas. E sua sede por combustíveis, a qualquer tempo e lugar, levará o homem a guerras, frias ou quentes. Cabeças rolarão por um mero barril de petróleo (sugiro a leitura de: “Petróleo: uma história de ganância, dinheiro e poder” de Daniel Yergin).

E no século XXI, o automóvel segue, com invejável juventude. Sempre novo, é movido agora por novos combustíveis biológicos, ou por gás, injetados em motores flexíveis. Tudo remoçado para que a autosociedade não pare. E atrás de petróleo, ainda, baixamos ao mar abissal, lá onde repousa, intocada, uma camada salina. Este renovado fôlego é, para uns, um ato de coragem. Para outros, audácia! Estes últimos crêem que deveríamos mudar nosso estilo de vida e investir em energias verdadeiramente renováveis.

Conclusão: há polêmica na autopista de nosso viver. Afinal, há décadas, vemos e sentimos o meio ambiente degradar-se. Em 1997, dia 22 de setembro, a França reage e cria o “Dia Mundial Sem Carro”. Em 2000, a União Européia adere, com a participação de 760 cidades. Em 2001, o Brasil entra na onda, com 11 cidades, entre Florianópolis, Porto Alegre, Belo Horizonte e Niterói. Hoje são milhares de cidades no mundo! Neste dia, usa-se transporte público, caminha-se, pedala-se, vai-se de skate ou patins. Só não se usa o carro.

Como ressalta o site http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/9055 “mais do que estimular as pessoas a deixarem seus carros em casa durante um só dia, a idéia da campanha é marcar a luta por um transporte público de qualidade, por menos poluição do ar, por respeito ao pedestre, por mais ciclovias, enfim, pela mobilidade urbana”. A idéia é fazer com que reflitamos sobre o uso excessivo e, tantas vezes, desnecessário do automóvel. Que pensemos na dependência que temos deste veículo que tanto simboliza o individualismo que hoje nos aflige.

Mas, caro leitor, se este texto cair em suas mãos depois do dia 22 de setembro, “Dia Mundial Sem Carro”, não se exaspere. Qualquer dia é dia de repensar hábitos! Se você vai ao trabalho de carro, experimente o transporte público. É econômico, você pode ler um livro no trajeto e estará, acima de tudo, fazendo sua parte para humanizar sua cidade. Se você não mora longe do seu destino, que tal tentar a bicicleta? A moda pode pegar. No Rio, onde moro, se a prefeitura transformar a Rio Branco em rua de pedestres, como promete, será um charme chegar ao centro pedalando... além de saudável, ecológico e super civilizado!Se quiser saber mais, http://www.pedal.com.br/exibe_texto.asp?id=3411 . Eco-abraços!