sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Será que podemos não usar sacos plásticos?


Há muitas opcoes para levar os produtos que compramos...
além dos saquinhos plásticos
e de outras embalagens
descartáveis fornecidas pela loja, ...
as quais terminam poluindo a terra...
o mar... e a perspectiva de nossos
filhos desfrutarem do planeta.

E a qualquer hora...

...Piazzolla e Yo Yo Ma tocando Libertango juntos, http://br.youtube.com/watch?v=RUAPf_ccobc&feature=related... e só.


terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sacos Plásticos. Até quando?










Todo mudo já ouviu falar que os sacos plásticos, lançados no ambiente, são um dos grandes problemas que o homem provoca na natureza e para si mesmo.

Milhões de saquinhos são usados e descartados diariamente. Como consumidores de milhares de produtos, a grande maioria de nós não se dá conta de que desde uma Gillette, comprada na farmácia, um brinco, um CD... tudo é posto em sacos plásticos. Mas quantas destas coisas podemos levar no bolso ou numa bolsa de mão (destas que nós mulheres carregamos o tempo todo)?

Que nos custa, numa farmácia, mercearia, açougue, numa livraria, loja de roupas, loja de Cd e até mesmo em um supermercado, recusar os saquinhos? Podemos levar bolsas de casa, de pano, de plástico durável ou carrinhos. Podemos também carregar muitas destas coisas na mão.

Ao anunciar que dispensamos as bolsas plásticas, num estabelecimento comercial, ocorre um fenômeno positivo. Acabamos por educar as pessoas que ali trabalham e as que estão em volta. É um trabalho lento, de repetição. Eu o faço, há muito. Recuso bolsas plásticas repetidamente e vejo que isto acaba tendo um efeito propagador. Lembro-me de que em alguns lugares que freqüento, nas primeiras vezes que recusei as bolsas, os atendentes se surpreenderam. Depois de um tempo, vários passaram a dizer que também o estavam fazendo e, ao me verem, já não põem mais as coisas em bolsas plásticas.

É simples e fácil. E ajuda muito a reduzir mais este impacto ambiental do homem sobre a natureza e sobre si mesmo.
Sugiro a leitura do texto "A Farra dos Sacos Plásticos", de André Trigueiro. Nao há nada melhor sobre o tema. Abaixo, o link.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Knishes em flor


Se você não sabe o que são knishes, darei a você aqui uma remota idéia de seu mais profundo significado. Se você sabe o que são,… creia-me, ainda assim não saberá bem do que aqui trato.

Minha avó materna se chamava Esther. Dentre as muitas mulheres que conheci, ela foi a mais perfeita encarnação do que possa ser uma feiticeira, feiticeira da laboriosa culinária judaico-russa. Março ou setembro, duas eram as primaveras de suas tais florezinhas. Knishes-flor, knishes em flor: trouxinhas perfumadas e assadas, de massa, recheadas com batata cozida, cerradas em forma de flor. Margaridas, quando eu era criança; rosas, quando virei adulta.

Minha avó viveu muitos anos em nossa casa. Nas ocasiões em que preparava seus knishes, a cozinha convertía-se em território de batalhas culinárias, proibido para intrusos. Via-a, do umbral, em combate, com um lenço colorido e mal assentado sobre a cabeça. À sua frente, trincheiras de farinha, massa estirada sobre a pia, potes cheios de batata cozida fumegante. Com um copo, infatigável, demarcava na massa centenas de círculos, que, em horas, converter-se-íam em bravos knishes.

Chegava por fim a hora fatal de abrir a porta do forno. Ela os resgatava e, modesta, trazia-os à mesa. Que maravilha! Festa florida para olhos, olfato, paladar e coração. E nunca eram insuficientes. A maga não deixava que faltassem. Nunca saímos da mesa sem ter comido a quantidade que nos apetecesse. Como sabia quanto comeríamos? Como os fazia tão sublimes e iguais?

Em algumas ocasiões, perguntei-lhe a receita. As explicações vieram sempre precedidas de um sorriso distante, que talvez a levasse de volta a sua pequena Shargorod, na Ucrânia. Em seguida, com um "r" de um arrastado só seu,... irremediavelmente imprecisa, dizia "farrrinha, punhados;… sal, pitadas; batatas, tantas quanto necessarrrrias; e água… filtrrrada".

Em todos aqueles anos, nunca se sentou à mesa conosco. Não queria. Além disso, dizia que não "prrrovava" seus próprios knishes. Nem também os maravilhosos varenikes que preparava. Ou os fluden, ou o kashe com macarrão de gravatinha. Sua alimentação, em horários e locais especiais, era rigorosamente austera: matzá, o ano inteiro, e "xicrrrinhas" de café com leite.

A última vez que comi os knishes que minha avó preparava, eu estava na fase de enjôos da gravidez de minha primeira filha. Senti um dia desejo por knishes. Minha avó, então, bem velhinha, mal ficava em pé. Ainda assim, preparou-os e enviou-os para mim. Era uma travessa inteira de knishes, dezenas de rosinhas só para mim! De repouso em casa, naquela tarde, eu os comi todos. Cada knishe, destes derradeiros, como miúdas madeleines, levou-me a lembranças de todos os anos em que minha vó viveu conosco, seu humor fino, suas lágrimas de tanto rir. Seu incurável comunismo. Suas muitas histórias. Seu quesinho por Francisco Cuoco!

Pouco tempo depois, minha avó não seria mais a mesma. Um AVC afastou a mente de nossa querida feiticeira. Logo, ela morreria. Uns anos depois, na fase Google de nossas vidas, encontrei um site sobre Shargorod, http://www.shargorod.org/ . Pude conhecer mais sobre a história da cidade de minha avó e ver fotos, principalmente, das ruas, há muito abandonadas, em que viviam os judeus no começo do século. Há fotos de velhas casas. Teimo que uma tal era a casa da minha vó. Agora, quando me lembro de seus olhos distantes, antes de me passar a inútil receita, cismo que é naquela casa em que pensava, onde, menina ainda, aprendeu com sua mãe as receitas que levou consigo. Resta a lembrança dos sabores, hoje, brilhos na caixinha de memórias que guardo de minha avó.

1975

1975. Outubro.
Colégio Dante Alighieri. Cursava meu último ano de “científico”.




Numa manhã, antes que Marino tocasse o sino, estávamos em sala. Nós, alunas do 3° A, e o professor Anadir, da abjeta cadeira de Moral e Cívica – obrigatória então. Conversávamos. Ele lia um jornal.

Ríamos relaxadas. Uma colega disse-nos, então, que, na noite anterior, enquanto lia a matéria no livro de Moral e Cívica, com sono, lera que o “Brasil é o poleiro do mundo” e não “celeiro”, como constava do texto.

Eu, com minha juba “nova-baiana” loura de então, que ria e falava alto, que tentara discutir em sala o fim da guerra do Vietnam, que ocorrera em abril - projeto sumariamente abortado pelo professor - eu, que “inocentemente” lhe perguntara por que o Dante não tinha alunos negros e não oferecia bolsas de estudo a jovens carentes… eu, que vinha cutucando aquela fera com vara curtíssima... repeti, agora, em voz alta o que a colega dissera: “Brasil é o poleiro do mundo”.

A fúria. Naquele instante, céu e mar fundiram-se. O professor Anadir de Moral e Cívica abaixou seu jornal. Enquanto o sino já tocava, fitou-me enrubescido. Paramos todas congeladas, alienadas ou engajadas. Ajeitamo-nos silenciosa e desconfortavelmente em nossas carteiras escolares. Ele se ergueu. Pareceu mais alto. Andou até mim. Com um gesto de dedo, expulsou-me de sala.

Caminhou comigo, em silêncio, o longo corredor até a sala do diretor da escola, professor Porta. Ele então me pediu que esperasse na ante-sala. Bateu à porta do escritório do diretor. Entrou. Por quinze minutos, confabularam. Anadir retirou-se. Eu permaneci, sentada no sofá de couro marrom da diretoria. Assim fiquei por longo tempo. Pareceu como se fora uma hora. Porta então saiu de seu escritório e me chamou.

Sua primeira pergunta. “Qual é a origem de seu sobrenome?” Como se ele não soubesse! “Sou judia”, respondi, “meu pai é romeno, naturalizado brasileiro”. Porta fez silêncio e perguntou, rindo, “mais brasileira ou mais judia?”.. Conversa de morcego velho, anti-semita. Éramos uma escola e uma sociedade paulistana de brasileiros e brasileiros italianos, judeus, sírios, armênios, e japoneses. 30 anos antes, cantava-se La Giovanezza antes das aulas. E avanti o popolo!

Disse ainda, que estava estudando se meu caso não se enquadraria no decreto-lei 477, ato da ditadura, de 1969, pelo qual aluno considerado subversivo não poderia se matricular em qualquer instituição de ensino por três anos.

A sinistra conversa durou um pouco mais. Permaneci o resto da manha no sofá marrom. Ao soar do sino de saída, 12h15min, o diretor disse que eu podia ir-me.

Naquela noite, em casa, deu-se a ceia que precede Yom Kipur. Um clima estranho, para mim. Não iria à escola no dia seguinte. Yom Kipur. Aguardava para ver o que seria de mim um dia depois. Mas, em torno de 11 da manhã do dia da festa judaica, o telefone tocou. Meu pai estava sendo chamado pela escola. Fui à CIP buscá-lo. Fiquei, e ele foi ao Dante.

Logo, o pequeno grande homem voltou. Contou-me o que havia dito a Porta: “Professor, a Maysa tem sido sempre uma excelente filha. Como pai, não tenho qualquer queixa dela. E, com vocês, tenho compartilhado nove anos de sua educação e vida. Confio que tomarão a decisão mais sábia. Bom dia professor”.

Não fui expulsa. Não fui enquadrada no DL 477. Disseram que não se aplicava a alunos de secundário. Sei lá. Teria sido a importante fala de meu pai o que me manteve ali? Ou terá sido uma disputa de forças, dentro da escola, resultou na minha permanência na instituição por mais um mês e meio, até me graduar?

Em novembro, o professor “moral e cívico” pediu-nos que escrevêssemos sobre “As relações externas do Brasil”. Eu usei o tema para fazer uma redação sobre o infame voto do Brasil na ONU concordando que “sionismo é racismo”, um tema levado a ONU pelos membros da OPEP, numa época em que estavam com a bola toda. Pensei que esta ousada redação fosse ser o meu fim. Tive vontade de vomitar quando a entreguei para Anadir. Mas ele me deu oito. Mistério. Que sentido fazia aquilo? Ele se tornou diretor uns anos depois. Talvez fosse este o sentido. Não polemizar com o staff. Guardo ainda a redação.

Numa festa, no final do ano, soube que o famoso professor César de biologia, (co-autor dos difundidos livros textos César e Sézar) foi quem fez minha defesa na escola. Nesta despedida ainda, numa pizzaria da Av. Brigadeiro, umas colegas, que não haviam entendido nada do episódio, armaram uma situação em que fiquei de cara com Anadir, rodeada por elas. Ele me disse que estava bonita com minha roupa hippie. Não acreditei. Deu-me a mão. Huuuugo!

Era 1975. Dia 29 de outubro Vlado foi assassinado no DOI-CODI. Minha amiga Lucia Merlino e eu fomos à missa Ecumênica, na Sé, escoltadas pelo incansável pequeno grande homem. Conhecemos a música de Mercedes Sosa e os versos de Violeta Parra nesta época. ”O mestre sala dos mares” se ouvia na rádio FM, na voz de Eliz Regina. Vi Catatau, de Leminski, na livraria. O rabino Sobel fez com que Herzog fosse enterrado no centro do cemitério, e não nas margens como se faz com suicidas. Fomos ao enterro. Brevíssimo.

Ano frio. Muito frio. Dizem que era aí o começo do fim da ditadura. Ainda durou anos. Veio a democracia, e nós brasileiros e nossos irmãos latinos “nos quedamos” com o rescaldo de tudo isso. Uma geração de gente que estudou mal, ou não estudou, que não falou de política e que hoje se constitui, ao menos no Brasil, numa imensa audiência da novela das 8hrs da Globo.

Só que ela passa bem mais tarde.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Cine Bijou

Nos primeiros anos da década de 70, nas imediações da Praça Roosevelt, existia uma pequena sala de cinema. Era o Cine Bijou.

Quem passasse por ali, então, caminhando nas velhas e degradadas ruas do entorno da praça, não poderia supor jamais que aquela feia salinha de cinema semanalmente presenteasse seus freqüentadores com o que havia de mais belo e sublime da arte do cinema. O Cine Bijou foi, naquela época, a mais refinada sala de exibição de filmes de arte que existiu em São Paulo.

Seus freqüentadores assistiram ali o melhor do que até então se havia feito em termos de cinema. Dos filmes que me lembro, estão o delicioso “Dodeskaden” e o “Sétimo Samurai”, de Kurosawa; “Viridiana” e o “Cão Andaluz”, de Buñuel; de Federico Fellini, “Noites de Cabíria” e “Julieta dos Espíritos”; o cult "Easy Rider" de Dennis Hopper; o estranho “A última Sessão de Cinema”, de Peter Bogdanovitch; “Teorema”, intrincado filme de Pasolini; a comovente história tcheca de Ján Kadár e Elmar Klos, “A Pequena Loja da Rua Principal”; “M, O Vampiro de Dusseldorf”, eletrizante obra prima de Fritz Lang; de Robert Wiene, de 1919, o sinistro “O Gabinete do Doutor Caligari”; “Encouraçado Potekim”, de Eisenstein; “Cenas de um Casamento” e “Morangos Silvestres” de Ingmar Bergman... e tantos, e tantos outros.

Nada se igualou ao Bijou. Embora passasse ao largo de ser uma sala Cinemascope, ou Cinerama com som de alta fidelidade – o top de linha em salas de cinema de então - foi um marco na noite paulistana, embrião da inextinguível paixão por cinema de muitos cinquentões que andam hoje por aí. Manteve a mais pura independência na seleção de filmes exibidos. Foi bravo e corajoso, apresentando obras “perigosas” para aquela sombria década de ditadura militar. Foi delicado, magnânimo e generoso em apresentar-nos diretores sensíveis e seus filmes, de todas as épocas e origens. Um projetor simples de filmes na cabina e uma seleção de películas feita com a maior sensibilidade foram os segredos do Bijou.

Os frequentadores do Bijou eram jovens adultos e uma horda de adolescentes, como meus amigos e eu. Como a censura da maioria dos filmes fosse para maiores de 18, falsificávamos carteirinhas escolares, sem pudor e com a mais justa da razões. O estado da arte em adulterações consistia em raspar-se, cuidadosamente, com uma Gilete, o último dígito do ano de nascimento e escrever, com uma caneta preta ponta fina, o número desejado. Se o jovem cinéfilo tivesse nascido em 1958, em 1972, mudaria o “8” para “4”, e só. Ficava um horror! Mas, no Bijou, isto não era problema. O porteiro, um senhor gordo e meio mal encarado (teria sido ele o dono do cinema, como se dizia?) fazia vistas grossíssimas. Ainda assim, a cada passagem pela roleta, sentíamos um friozinho na barriga e “comprovávamos” nossas idades num gesto rápido e desnatural.

Havia, além disso, um rumor perene de que, a qualquer dia, numa sessão de cinema qualquer, poderia haver uma batida policial e, neste caso, iríamos todos “em cana”... junto com o “porteiro” do Cine Bijou! Diziam que o juizado sabia que havia dezenas de menores de idade infiltrados ali. Meu álibi estava pronto: convenceria a autoridade policial de que a qualidade sublime dos filmes que víamos no Bijou estava além de detalhes, como idade. Gentilmente, em seguida, convidaria o Juiz de Menores a ir conosco ver um daqueles fantásticos filmes de arte.

A cada saída do Cine Bijou, em torno das dez horas da noite nos sábados, íamos comer num dos restaurantes da região. O jantar ou lanche servia para discutirmos o que havíamos compreendido do filme da noite. Fingia-se muito, afinal o que pode entender de “Cenas de um Casamento” um adolescente de 14 anos? Tudo seria “digerido” bem mais tarde. Os restaurantes, palcos para estas complexas discussões, eram o Planeta, O Ferro´s Bar, point de lésbicas, o famoso Sujinho, ou “Bar das Putas”, na Consolação, mais para cima, ou a recém inaugurada Cantina D´Amico Piolim. A noite, que se iniciava sempre no Cine Bijou, era movimentada e interessante!

Em frente ao cinema, a Praça Roosevelt...uma novidade concretamente deselegante na região. Um prefeito biônico qualquer inaugurara, com pompa, a praça que encobria vias expressas, mas que não servia de espaço para crianças brincarem ou velhinhos, distraidamente, conversarem. Terá sido, então, projetada para o pouso de espaçonaves intergalácticas? Mas, na distante década de 70, se alguma destas naves tivesse querido fazer ali sua aterrissagem, certamente teria desistido. Não teria suportado ver tamanho mau gosto e pobreza arquitetônica num espaço público. Esta desistência, contudo, teria sido lamentável. Os ETs afugentados dali não teriam podido freqüentar o Bijou. Não teriam travado contato com o que de melhor se fez na arte do cinema, e que o Cine Bijou nos mostrou. Pena!


P.S. recebi um comentário bacana para este texto. Está, agora, incorporado como anexo do texto. Eis aí:

" Esta é para contar que a Praça Roosevelt está viva novamente! Desta vez não é o cinema, mas o teatro, quem modificou a praça. Quando o grupo de teatro "Os Satyros" se instalou por lá, estava degradada, frequentada por traficantes, prostitutas e travestis. Agora são sete teatros, cercados por bares, animando a vida cultural paulistana, possibilitando uma democrática geléia geral entre antigos frequentadores, público, moradores e atores.
19 de octubre de 2008 7:38" .Lúcia.


Que bom ouvir isso, Lúcia!

Consumismo, um plano sinistro!


Quem herdará o planeta quando daqui nos formos? Milionários excêntricos, em bunkers particulares? "Sarados" fisioculturistas? Ou praticantes de Tai-Chi-Chuan?

Amigos...os herdeiros da Terra serão as BARATAS!

Nojentas, repulsivas e asquerosas, são sempre as primeiras testemunhas de explosões nucleares. E, nestes casos, vêm fortalecidas. Darwin as favorece. Há (e haverá) sempre uma linhagem nova para desfrutar das deliciosas e bárbaras condições que só a inteligência e o brilhantismo científico humano podem criar.

O que não vemos é que arquitetam o nosso fim! Planejaram que nos tornaríamos consumistas. Criaram, por inexplicáveis meios, o desejo de termos sempre o que é novo, o que tem mais funções, o moderno, outra cor, a invenção, o mais confortável, outro mais, e mais outro.

Construíram shopping centers, as sinistras, e fizeram-nos achar que eram espaços de lazer e segurança. Consumo misturado com lazer, um prazer sem igual! Lazer no consumo. O furtivo prazer do novo. E num exercício de criatividade malévola, conduziram-nos a uma imensa produção de lixo, com embalagens fantásticas, de remota chance de reaproveitamento, e com produtos que rapidamente são descartados.

E tudo elas fizeram para seu próprio prazer! "Quanto mais lixo", brada a ignóbil rainha barata, "mais rico fica o nosso" - delas - "universo!". Lixões são seu delírio, sua mais bela conquista. E quanto mais se degrada o meio ambiente, mais propício ele se torna para a abominável espécie peri-planetária.

E, munidas de um pragmatismo invejável, afetam capitalistas e comunistas, indiferentemente. Baratas fazem os primeiros pensar que se o consumismo diminuir, as pessoas perderão seus empregos. Não permitem que pensem numa nova forma de viver, com novos meios de sobrevivência, derivados da própria preservação ambiental. Os segundos, comunistas velhos e atuais, são por elas conduzidos à mais completa falta de diálogo - e sem contestação, sabem as danadas, não pode sequer haver crítica quanto à degradação ambiental.

Ofuscam-nos, por certo. Não exigimos mudanças. Não promovemos mudanças sequer em nossas casas. Caminhamos de fato para um planeta entregue às baratas.

Que saída nos resta frente a tão astutas criaturas? A batalha, se quisermos lutar, será dura e longa! Nossas rivais vivem há milhões de anos na terra. Viram nascer e morrer dinossauros. Comeram os restos do nosso irmão das cavernas. Sabem, mas não contam, quem é o elo perdido entre nós e os grandes macacos.

Parecem mesmo que estão fadadas a permanecer na Terra quando nossos carros não rodarem mais, quando os raios ultra-violeta atingirem o planeta sem filtragem pela camada de ozônio, quando não houver mais geleiras - só água!- e quando pilhas, pláticos e pneus, flutuando sobre os continentes, servirem-lhes de habitat por ainda muitos e muitos milhões de anos.

Livros Escolares...os mais novos descatáveis...

Não bastavam copos plásticos, garrafas PET, caixas de leite (lembram-se das garrafas?), latinhas (alguém lembra dos cascos?), papéis aos borbotões, embalagens mirabolantes...e agora...ZAZ...livros escolares também são descartáveis!

Moderno! Ou melhor, Moderna, Ática, Vozes e IBEP, algumas das editoras deste tipo de livro. Como são? Possuem espirais nas lombadas, embora nem todos os livros escolares de espiral sejam. Os livros escolares descartáveis parecem revistas de atividades voltadas para o público infantil.

Como são usados? A criança lê, preenche, escreve, colore, recorta, cola e desenha neles. E no fim do ano, descarta-o, joga-o fora...ou guarda-o, por sentimento. Ninguém poderá herdá-lo, nem os irmãos mais novos.

Acabaram-se os dias dos livros que passam de um irmão ou amigo para o outro. Alô...do Planeta Terra! Hoje, a cada ano, os pais compram livros novos para seus filhos.

Acompanhe a conta: seis livros descartáveis para 3o ano - Português, Matemática, História, Geografia, Ciências, Inglês. Conta: um filho, R$ 480,00. dois filhos: R$ 960,00. 3,
R$ 1440 ,00!

A não ser que, como um esforçado casal de amigos, os pais do aluno se disponham a apagar, diligentemente, os escritos do livro herdado... possível somente se a criança original não escreveu à caneta, não escreveu forte, não colou, rabiscou, cortou e pintou... e se a professora, claro, não deu seus vistos à caneta Bic vermelha... UFA!!!!

Ah, ia quase me esquecendo, mas em muitas escolas há ainda o livro de Religião. Bendito seja! E oportunamente, penso onde ficará o sentimento religioso das escolas, nestes casos, em que adotam livros como estes, de editoras espertas e “modernas”:

1) onerando as famílias,
2) descartando a tradição do livro que é passado para frente e
3) lançando, anualmente, no ambiente uma montanha de lixo...nada didática!

Restam esperanças: minha filha estudou no Colégio São Vicente e pode participar da troca de livros promovida a cada início de ano. No ano que entrou para a escola, trocou livros de literatura por livros didáticos usados. No ano seguinte trocou livros didáticos, da série anterior, por outros da série seguinte. No mínimo, super civilizado, e verdadeiramente MODERNO.



Parabéns ao São Vicente e às outras escolas que adotam o mesmo procedimento.

Envie para este blog mais informações sobre este assunto ou sobre outros relacionados.

Eco-beijos!

Diga não aos Transgênicos!

Transgênicos são uma aberração científica.


É falsa a propaganda da Monsanto, Bayer, Syngenta e outras empresas que pequisam, produzem e vendem sementes transgênicas, de que estas sementes dispensam o uso de agrotóxicos. Elas usam-nos, e muito, e progressivamente.

A monocultura convencional conhece de há muito o problema da uniformidade genética das culturas, que predispõe toda a plantação a pragas inesperadas. Com os transgênicos ocorre o mesmo. A seleção genética exógena, inserida nas sementes, que visa a dar resistência a determinados herbicidas (caso das sementes de soja modifcadas pela Monsanto e sua resitência ao Roundup - Glifosato - que mata TODO o resto) ou outras condições, mostra-se, a curto-prazo, ineficaz diante da natureza... que muta e muda... e produz superorganismos... resistentes ao escudo genético que os Novos Deuses da Vida criam em seus laboratórios.

A produtividade de sementes transgênicas é alta a princípio, mas não se mantém. Como a própria agricultura convencional, do agro-negócio, a agricultura com transgênicos também tem que - de quando em quando - buscar novas variedades na natureza.

Mas se ambas as culturas, convencional e transgênica, não preservam o meio ambiente, matas com alta diversidade biológica (solos e água), onde, no final das contas, buscarão novos genes que possam alimentar as bocas do mundo...e os bolsos do agrobussiness?

Numa palestra, num congresso da ASIPI, havia um representante da Monsanto que me disse, quando questionado por mim do porquê não investir em uma agricultura ecológica mais produtiva, que "não gosta de comer cocô". Surpreendi-me com tal resposta, mas, pouco depois, numa busca pela Internet, descobri que os funcionários da Monsanto estão instruídos a dar esta resposta quando o assunto é alimento orgânico. Sua intenção, de psicologia primária, é desqualificar o alimento orgânico associando-o, mentirosamente á "sujeira".

Por que as empresas de sementes temem uma agricultura que respeita a natureza? A procura por alimentos orgânicos é grande na Europa e tende a crescer. Parte do que o Brasil produz destes alimentos, por exemplo, é exportada para a Europa. Isto, por si só já seria inquietante para quem quer ter o controle global da produção de alimentos.

Mas há mais. O alimento cultivado com princípios ecológicos não permite o controle monopolizante de sementes, como fazem empresas como a Monsanto. Parte dos princípios do plantio natural é a seleção, por parte do agricultor, das melhores plantas para replantio de suas sementes. É algo que se faz há milhares de anos.

Além disso, se provarmos que a produção de alimentos orgânicos em grande escala é viável, o agrobusiness, ainda que tarde, enfrentará problemas. A demanda por alimentos saudáveis está crescendo.

Por fim, a política das empresas de biogenética de sonegar informações sobre seus produtos, não as tornam simpáticas para o grande público consumidor. Nao revelam que tipos de genes foram introduzidos nas sementes. Nao promovem experimentos para averiguar a segurança alimentar de seus produtos. Nao revelam que os pesticidas, como o Roundup (que acompanha necessariamente a soja transgênica da Monsanto) mata tudo o que não for soja alterada. Mata a grama, as árvores e os cultivos familiares que estejam no caminho dos pesticidas, aspergidos por aviões.Mata as pessoas também. A empresa também não revela que o Roudup, ou glifosato, é altamente cancerígeno e se impregna no solo e na água que se consome.

E, por fim, Monsanto e suas concorrentes, boicotam a rotulagem de produtos, que é lei, impedindo que o consumidor escolha se quer comer trnsgênicos.

POR TUDO ISTO, DIGA NÃO AOS TRANSGÊNICOS!

Como consumidores, temos um grande poder em nossa mãos: o de comprar ou deixar de. Consumidores informados escolhem melhor. E o fazendo, pressionam as redes de distribuição de produtos. No caso dos orgânicos, considerados caros, o consumo consciente deve torná-los mais baratos e disponíveis a um maior número de consumidores.

Assista o filme "O Veneno está na Mesa", de Sílvio Tendler, lançado em 25/07/2011. Ele está disponível na Internet.

11/9

Alexandre Monteiro Barboza, em sua tese WTC: UMA ANÁLISE DA COBERTURA DA IMPRENSA CARIOCA NO DIA 11 DE SETEMBRO DE 2001, pela UNIVERSIDADE GAMA FILHO, citou a carta que escrevi para o JB assim que soube do ataque de 11 de Setembro de 2001.

Diz Alexandre, em sua tese: ...na seção carta dos leitores (37), a leitora Maysa Blay, que teve seu e-mail enviado no dia 11 de setembro e publicado no dia seguinte, fez uma crítica inflamada ao regime dos EUA, dizendo que “pimenta nos olhos dos outros não dói”. Comparando as atrocidades da Segunda Guerra Mundial, e de outras guerras, como a da Coréia e Vietnã, a leitora foi enfática:"Pimenta só dói nos olhos dos americanos que morrem em atentados terroristas ou em Pearl Habor. Aí dói, e muito. E todos nós nos comovemos mais com essas mortes do que com outras tantas, em igual ou maior número, provocadas direta ou indiretamente pela política americana para o mundo. Elegem um presidente belicoso, divulgam e impõe ao mundo seu cinema repleto da mais sórdida violência e, através dele, mostram cenas e idéias infinitamente piores do que as que hoje foram exibidas".

Acrescento hoje, 2008, que está cada dia mais claro como o que vivemos, no mundo atual, é a versão moderna do que viveu a antiguidade sob o domínio do Império Romano. O tema, como na antiguidade são recursos, embora agora eles sejam petróleo e seus derivados, água e recursos genéticos.

Além disso, como se passou com os povos dominados por Roma antiga, os dominadores atuais conquistam as mentes e os corações dos que subjugam!

Cada cidadão do mundo se converte em um consumidor apaixonado pelos bens que os EUA desenvolvem: seus carros e sua automania; sua indústria de cinema, que se sobrepõe às outras - através de suas poderosas distribuidoras de filmes - e nos incute com uma forte dose de sua ideologia; sua TV a cabo, exportada para o mundo - que paga por ela... e recebe toda a cultura americana em casa...seus valores e predileções; sua violência inerente; suas marcas, como Coca Cola e Nike, cult objects - marcas que valem de 60 a 100 vezes o valor do produto que as levam; sua controvertida indústria de biotecnologia, como suas mefistotélicas sementes transgênicas - nao obrigada!; sua mania de patentear tudo o que há sob o Sol, seu ou dos outros, apropriando-se de frutos, águas, sementes, pedaços de DNA!...e convertendo tudo em mercadoria americana. UFA!

Este é um tema extenso e importante.
Comente-o.

Alexandre Monteiro Barboza comentou:
Alexandre disse...
Maysa,

Aquela tese sobre o WTC: Uma análise da cobertura da imprensa carioca no 11 de setembro virou livro. Eu só pude ler o seu comentário hoje.

E para a nossa felicidade, o livro está disponibilizado gratuitamente na internet. O nome do livro é Imprensa histérica, Informação Prejudicada (Uma análise da cobertura carioca no 11 de setembro).

O endereço é http://imprensahisterica.zip.netou por meio do endereçohttp://www.ebooksbrasil.org/nacionais/index.htmlo meu e-mail para comentários ou críticas é a.monteirobarboza@gmail.com

Um grande abraço. E muito obrigado por ter escrito aquela carta na seção dos Leitores sobre os acontecimentos do 11 de setembro de 2001.
19 de Novembro de 2008 06:56