quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mais ou Menos

Quanto mais temos, mais nos enroscamos. Quanto menos nos apegamos a coisas, mais valorizamos o que temos. Quanto mais compramos, mais temos que comprar. Quanto menos consumimos, mais aliviados respiramos e respira o planeta. Quanto mais usamos o carro, menos nos deslocamos e mais atrasados chegamos. Quanto menos movemos o corpo, mais problemas temos. Quanto mais água usarmos para fins particulares, menos ela existe para todos. Quanto mais comodidade buscamos ao comer, mais substâncias químicas estão nos alimentos. Quanto menos natural a comida, mais lixo ela produz. Quanto mais os supermercados dominam nossa vida, mais os alimentos se tornam artificiais. Quanto mais os supermercados monopolizam a relação entre produtor e consumidor, mais os pequenos negócios desaparecem. Quanto mais longe é o ponto de venda do local de produção, mais os alimentos tem de durar. Quanto mais os alimentos tiverem de durar , mais conservantes terão. Quanto mais os alimentos de diferentes marcas forem colocados lado a lado nas prateleiras dos supermercados, mais eles competirão por nosso olhar, atraindo-nos com corantes, embalagens coloridas e brindes. Quanto mais monopólio, mais química e mais lixo, menos saúde pessoal e planetária. Mas quanto mais monopólio, mais saúde financeira de uns poucos. Quanto mais desengorduramos a pele com produtos cosméticos, mais óleo ela produz. Quanto mais condicionamos o cabelo com cremes, mais temos que lavá-lo. Quanto mais as mulheres se maquiam, menos belas ficam. Quanto mais jovens desejam permanecer, menos tempo tem para aproveitar sua maturidade. Quanto mais abandonamos as ruas por medo, mais o que nos amedronta toma as ruas. Quanto mais vemos o outro como estranho, e insistimos nesse olhar, mais o tememos e o guerreamos. Quanto mais gradeamos nossa vida, mais temos que nos proteger. Quanto mais delegamos as soluções para nossa vida a políticos, menos ela mudará, e mais chatos ficaremos. Quanto menos buscarmos nos envolver com pessoas em busca de objetivos comuns, mais solitários, gradeados e impotentes ficaremos. Quanto menos sonharmos, mais estagnado deixaremos tudo, preguiçosamente largados na frente da televisão. Quanto menos crermos no que sonhamos, mais vazios nos tornamos. Quanto menos tempo reservarmos para amigos, família, e para viabilizar os sonhos, menos estes terão campo fértil para crescer. Quanto mais conversarmos sobre nossos sonhos, mais veremos que outros os sonham também.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amei todas as suas postagens!
Um beijo grande e muito obrigada!
Veronica